Ainda ontem lhe estendia a mão para a ajudar a descer do comboio e hoje já não a encontrava. Tentou procurá-la no quiosque, na frutaria ao lado, mas em vão. Ela saíra da sua vida do mesmo modo como entrara: inesperadamente! E sentia uma angústia que lhe crescia no peito. Não falava, apenas corria as ruas do bairro à procura daquela que havia sido a sua musa naquele Verão. Precisava encontrá-la. Era urgente. Não tinham falado, mas sorriam quando se cruzavam e os olhos falavam por si: olhares daqueles só tinha visto no cinema! Uns dias depois ela voltou, ficou parada no passeio à sua procura...Foi ao quiosque, à frutaria do lado, mas em vão. Encontrou-o muito mais tarde à porta do cinema, sentado nas escadas escrevendo em guardanapos de papel com um lápis amarelo. As palavras mal se percebiam. Eram gatafunhos que procuravam explicação para o que lhes tinha acontecido. E o que lhes acontecera? Agora que estavam juntos e falavam, falavam perceberam que era o amor que lhes tinha acontecido. O amor, o amor eterno...enquanto durou!
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